Mais do que amigos: quando o sentimento transborda

segunda-feira, setembro 28, 2020

Sempre digo que é “normal” você se apaixonar por um amigo; que é comum você começar a ter sentimentos por alguém que gosta muito. Mas, também, acho arriscado nutrir algo sem saber se será correspondido. Pra quem gosta de desafios, é uma situação até boa.

(In)felizmente, me encaixo no grupo de pessoas que curtem desafios. Quando conheço alguém que bate logo uma identificação, crio expectativas, me mostro disposto e interessado… Pensando bem, talvez o meu erro esteja justamente nisso. Em estar disponível demais, visto que os outros estão vivendo no seu tempo, enquanto eu fico ansioso por uma nova mensagem, querendo atenção.

A coisa piora quando, durante a conversa, a outra pessoa solta um “migo”. Isso é como uma flecha enfiada no meu coração. De verdade. Me sinto um lixinho de ser humano, onde ninguém será capaz de gostar de mim de uma maneira além da amizade. Pode ser coisa de carma?

Recentemente, podei uma certa amizade que estava surgindo quando percebi que os meus sentimentos estavam transbordando.

O cara é incrível, além de talentoso, lindo, carismático, alegre… Possuía todas as características que busco em um relacionamento. Por diversas vezes eu me mostrava interessado, fazia piadinhas e ficava ansioso por uma mensagem ou resposta em algum story. Aliás, ele comentava e curtia TUDO o que eu fazia. Era impossível não acreditar que não queria algo. Em tempos de internet e redes sociais, essa presença online é um sinal. Ou não é? Se não for, vamos então naturalizar que esse tipo de atitude é só amizade mesmo, porque até outro dia significava outra coisa.

O meu mundo caiu quando o dito cujo enviou, em mais um dos seus milhares de áudios, algo aleatório e me chamou de amigo. Eu pensei: “bom, talvez ele só se enrolou”. Mas outras situações se provaram que quem estava enrolado era eu. De “amigo” fomos pra “migo”. E como eu eu me virei? Então…

De uma forma madura, passei alguns dias conversando com o cara. Mudei a forma como falava. Ao invés de me importar 100% com o que ele escrevia, fui um pouco mais seco nas respostas, não fazia piadinhas com qualquer coisa… Ele entendeu que eu mudei e queria saber o motivo.

Eu estava transbordando sentimentos. Me doía muito ler/ouvir a palavra “amigo” de quem eu queria muito mais do que isso. Porém, em momento algum eu o culpei pelos meus sentimentos. Se tem uma pessoa culpada em tudo isso, esse alguém sou eu.

Por me sentir culpado por tudo, eu precisava pensar um pouco em mim. Eu precisava encontrar uma forma de proteger os meus sentimentos e não deixar alguém me ferir novamente. Então, eu me distanciei. Foi no tempo e na ausência que eu encontrei as respostas… eu consegui virar a página. 

Da mesma forma que cheguei a conclusão de que não sou culpado, também não o culpei. Eu me perdoei por, novamente, me enganar e também o perdoei por se contentar em estar distante de mim. Que amizade é essa em que está tudo bem ficar longe? Em não se importar de forma alguma?

Dias, semanas, meses se passaram e nunca mais a pessoa falou comigo. Eu consegui colocar os sentimentos no lugar e toquei a vida em frente. Pode ser que a gente volte a ser falar, pode também acontecer de nunca mais conversarmos. O fato é que eu fui transparente em tudo o que sentia e por aqui só há gratidão por ele me proporcionar reflexões e me ensinar a pensar mais um pouquinho em mim, antes de sair por aí entregando meu coração a qualquer um que sequer pediu por segurá-lo.

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Sobre o blog


No ar desde 2011, o "Não me venha com desculpas" é um blog pessoal, feito por uma pessoa (a)normal.

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