Beijo? Que beijo?
quarta-feira, agosto 19, 2020Estamos diante de uma pandemia. É normal a gente passar por um distanciamento social, evitar aglomerações, festas e tudo aquilo que a mídia diariamente fala. Como já disse nas crônicas que escrevi pra antologia “Você Não Está Sozinho”, é supernormal (pra mim!) ficar em casa. Eu gosto muito da minha tranquilidade e paz. Porém, também ando querendo sair e explorar o mundo (e bocas!).
De verdade, na minha horta nunca choveu tanto como agora. Não sei se é porque estamos mais em casa, com mais tempo pra conversar, conhecer as pessoas… O fato é que eu me joguei nos aplicativos de pegação. Fui sem medo mesmo! Baixei dois app e saí atirando pra todo lado. #locasempre
Alguns caras não eram assumidos e só queriam sexo. Ele nem perguntavam muita coisa sobre mim, já iam pedindo nudes, pose preferida e bla bla bla. Pra mim não rola isso! É óbvio que estou num aplicativo de pegação, mas custa perguntar outras coisas, tipo idade, o que faz da vida…? Marcar hora e local, sem saber mais detalhes pessoais, não é pra mim.
Detalhe importante: eu não estava querendo furar a quarentena pra me encontrar com ninguém. Juro que só queria papear com outras pessoas, me sentir desejado e dar aquela massageada no ego. Porém…
Em determinado fim de semana, lá estava eu conversando com um tal de Leonardo*. Ele chegou com um papo bacana, queria saber minha idade, o que fazia da vida, onde morava, o que buscava no aplicativo… Foi um fofo! Deixei todos os contatinhos de lado pra me dedicar só a nossa conversa. Eu o curti , mas me incomodava a demora em obter uma resposta. Acabei perguntando se podíamos ir pro WhatsApp.
O Léo continuou lerdo pra me responder no Zap Zap, então acabei deixando ele de lado e ficou por isso mesmo. Não fui mais atrás e nem ele falou comigo. 7 dias depois da conversa, voltei a usar o app e dei match com ele novamente. Ficou um climão meio chato, eu disse que ele tinha meu número e saberia como me encontrar. A resposta: “ok, tudo bem”.
Mais 7 dias se passaram. Era um sábado de sol bem quente nas tardes tocantinenses, quando recebi uma mensagem do contato “Leonardo Tinder”. Lá estava o bendito querendo saber como eu estava. Decidi que iria demorar a responder, mas pensei bem e… Não vale a pena a gente pagar na mesma moeda. Peguei o celular e imediatamente o respondi, secamente.
Eu e o Léo passamos um tempão conversando. Dessa vez, ele me respondia rapidamente, todo empolgado. Contudo, quando a conversa chegou num nível mais apimentado (eu estava curtindo), ele pediu ~fotos~. Eu mandei imagens aleatórias da galeria, de zoeira mesmo. Ele pediu novamente as ~fotos~, se é que você me entende. 😈😈
Em resumo: não atendi ao pedido do Léo, disse que estava achando ele diferente dos outros caras, mas me enganei. O Léo se desculpou comigo, mas eu já estava com muita raiva. Poxa! Só queria conversar, trocar umas ideias legais e vê se rolava algo, enquanto ele queria fotos, nudes e tudo o que eu já estava cansado nesses aplicativos.
O Léo continuou se desculpando, me convidou pra ir à casa dele assistir a um filme, mas não rolou. Não nos falamos mais e eu continuo na carência, controlando a vontade de sair por aí beijando qualquer um, principalmente o carinha do trabalho que tem uns lábios lindo demais.
Beijo? Que beijo? Estou na carência, cansado de estar em quarentena e torcendo pra essa pandemia passar pra me jogar numa balada. E olha que eu nem curto festas.
*Leonardo é um nome fictício, mas o nome real é quase isso.
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