Como fazer uma boa nude?
quinta-feira, julho 15, 2021Há quatro anos escrevi um texto sobre como me sentia ao ter que fazer fotos sensuais pra enviar aos contatinhos. No “mundo gay”, é super comum as manas já iniciarem o papo perguntando se o outro é ativo ou passivo e, em seguida, pedirem as benditas nudes.
De 2017 pra cá, continuo com o mesmo pensamento de que conexão sentimental não se dá quando sabemos qual o tamanho do pênis do outro ou se o c* é grande, empinado e tals. Talvez, isso pode soar como careta pra muita gente da comunidade LGBT+, mas é assim que eu sempre fui e pretendo continuar sendo: precavido quanto a minha autoestima e não me colocar num palco pra julgamento.
Outro dia, conversando com um carinha que conheci no Grindr – o Tinder das gays –, ele me pediu nudes. Naquele momento, eu não tinha nenhuma na galeria do celular, então mandei fotos de rosto mesmo, zoadas. O boy sorriu, entendeu o meu humor, mas solicitou mais “fotos”. Entendi o recado e decidi fazer as “fotos”.
Senta que lá vem a história...
Era uma noite de sexta-feira, à noite, quando me encontrei diante do espelho, me espremendo inteiro pra fazer uma boa nude. Empinava o bumbum, tentava dar uma valorizadas nas curvas, fazia carão… Eu me senti como um frango sendo assado no espeto. Rodando prum lado e pro outro, enquanto as pessoas olhavam e aguardavam pelo momento de devorá-lo.
Com as benditas fotos feitas, fui editá-las, claro. Ajustei brilho, contraste, temperatura… Fiz aquele paranauê todo pra deixar a imagem “desejável e apetitosa”. Pra quê? Me questiono até agora!
Enviei as imagens pro dito cujo e ele respondeu com um “uau!!! Que rabão!!!”. Poderia me sentir ótimo e com a autoestima lá em cima, mas parei pra pensar no esforço que tive que fazer pra receber aquele elogio. Eu já sabia que meu bumbum é redondo, bonito, durinho… Sério que tive que me sujeitar àquilo tudo pra receber 3 palavras???
Respondi o boy com “que legal que gostou! Eu me senti como um frango assado.” O bonito ficou zangadinho, disse que não pediria mais fotos e sumiu por umas horas. Depois voltou como se nada tivesse acontecido. Realmente, pra ele nada aconteceu. Quem teve que se confrontar diante do espelho, questionar a beleza do corpo e ficou diante de julgamento foi eu. Óbvio que não fui obrigado, mas senti uma certa pressão… E eu estava carente!
Resumo do resumo: o carinha sumiu, nunca mais falou comigo e eu estou com ótimas fotos na galeria do celular. Não vou enviar pra mais ninguém, porque sinto que não encontrei ainda a pessoa que mereça receber as imagens em que tive que soar, literalmente, na frente do espelho pra fazer belos cliques.
Quando bate aquela queda na autoestima, abro as minhas nudes, faço as pazes com a beleza e me sinto incrível. Então, se eu puder deixar uma dica pra fazer boas fotos sensuais, fica essa: não se esforce tanto pra que o outro diga o que você já sabe e está diante dos seus olhos.
Se ame, se baste, faça fotos sensuais, sim. Mas pra si mesmo. Dedique a você os seus melhores clicks.
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