Eu sou um pássaro, querido

sábado, agosto 11, 2018

Quando resolvi vir para a casa da minha irmã, meu objetivo era ficar uns dias longe do Rone, no intuito de sentir saudades e todo aquele amor que existia renascer magicamente. Contudo, algo inesperado aconteceu.

O meu casamento não estava bem, disso eu tinha certeza. Não via mais o Rone como aquele homem maravilhoso, carinhoso, cuidadoso... Nossa relação parecia ter esfriado após o nascimento do nosso primeiro filho. Confesso que também mudei bastante... Na verdade, estava assustada com a vida de dona de casa. Era tanta responsabilidade!

Pra "esfriar a mente", vim passar alguns dias na casa da minha irmã, em Juiz de Fora (MG). Ao todo, fiquei duas semanas descansando, meditando e tentando encontrar uma solução pra minha vida.

Vamos lá à alguns detalhes importantes...

Meu nome é Giovanna, tenho 19 anos e aos 17 fiquei grávida. Não foi uma gestação planejada, infelizmente. Amo profundamente o Bento (meu filho) e o seu pai, mas  às vezes sinto saudades da liberdade que tinha antes; de poder sair por aí, sem pressa pra voltar e sem alguém me esperando.

Assim que fiquei grávida, acabei indo morar com o Rone. No começo foi tudo festa, é verdade. Fui mimada, ganhei presentes e não era tão cobrada. Com a chegada do Bento, as coisas continuaram um mar de rosas.

Porém, no segundo ano de casamento tudo mudou. Comecei a sentir vontade de sair com mais frequência, de beber, fumar, ficar ao lado dos meus amigos que continuavam farreando por aí... Rone não queira o mesmo, pois já era bastante maduro e responsável. Com menos de 30 anos de idade, já era um homem completo. Um excelente pai, marido, filho... O cara que qualquer mulher queria ao lado, menos eu.

Sem explicação alguma, de uns tempos pra cá comecei a ver o Rone com outros olhos. Já não via mais graça no sexo, no beijo, nos seus carinhos... Do nada, surgiu uma repulsa em mim por ele. Toda noite eu sentia vontade de vomitar quando ele me tocava. Juro que não era frescura.

Durante uma noite de bebedeira na casa da minha irmã, acabei ficando com um cara. Na era qualquer pessoa, era apenas o primo e melhor amigo do Rone. O meu mundo caiu a partir daquele momento, pois a realidade bateu à porta: tinha que terminar aquele casamento o mais rápido possível e me entregar àquela paixão.

Há muito tempo eu não me sentia viva como no dia em que tive aquela aventura maluca, colocando tudo em jogo.

No outro dia após a farra/traição, comprei as passagens pra ir pra casa. Em 4 dias iria voltar e terminar com aquela farsa. Estava cansada de fingir orgasmo e alegria que não existia. Mas Rone foi mais rápido. Ele estava vindo para a casa da minha irmã, pois já aguentava mais a saudade de mim e do Bento.

Rone chegou de madrugada na casa da minha irmã. Eu fingi que estava dormindo pra não ter que abraçá-lo ou até mesmo fazer sexo. No outro dia, acordei cedo, tomei um banho e esperei açordá-lo. Fomos ao parque da cidade e lá tivemos a nossa conversa. Foi tenso.

Contei sobre a minha decisão e, imediatamente, ele começou a chorar. Por diversas vezes ele disse que me amava, e eu sabia que aquelas palavras eram reais. Porém, eu já não o amava. Tinha pena dele por gostar tanto de uma pessoa tão má e insensível como eu.

- Giavanna, sempre te vi como um pássaro. Sabia que uma hora ou outra eu iria te perder, pois suas asas iriam crescer e você iria voar pra longe de mim. Estou sentindo uma dor muito grande no peito. Estou ferido, vendo tudo cinza e sem alegria. Peço perdão se já falhei alguma vez contigo, saiba que essa não foi minha intenção. Eu te amo e deixarei você voar. Não é isso que a gente faz quando gosta de verdade de alguém? Eu continuarei lutando pelo nosso filho e irei reconstruir minha vida. Dizem que os pássaros sempre voltam às gaiolas de ondem fugiram... Bem, se viver ao meu lado era uma prisão, prefiro que você não volte jamais. Adeus.

Após desferir um lança no meu coração, Rone levantou-se e foi embora. Sabia que havia arruinado um pouco a sua vida e que as chances da gente voltar eram quase nulas. Mas ok. Irei voar e procurar outros ares. Se todos forem ruins, também poderei recomeçar do zero.

Quanto ao Bento, creio que a melhor pessoa pra cuidar dele não sou eu. Neste momento, só quero voar. Sozinha.

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No ar desde 2011, o "Não me venha com desculpas" é um blog pessoal, feito por uma pessoa (a)normal.

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