Sobre “sair do armário” e tals

terça-feira, janeiro 21, 2020


De vez em quando gosto de lembrar do dia em que “saí do armário”, pela primeira vez, e contei aos meus pais quem realmente sou. É claro que pra eles não foi novidade alguma, pois com 3 anos de idade eu já dançava na boquinha da garrafa, brincava de casinha (juro que lembro de tudo, inclusive de fazer comidinha de barro e ser a mulher da casa!).

Na época do RBD, ainda na adolescência, eu era a Roberta (Dulce Maria) e suspirava de amor pelo Diego (Christopher Uckermann). Também gostava de vestir o sutiã da minha mãe (escondido, claro!), calçar salto e dançar loucamente como a Joelma, da ex-banda Calypso. Não tinha o desejo de ser mulher, mas simplesmente poder afrontar a sociedade e usar o que quisesse, mesmo que só eu visse aquilo.

A vida de adulto chegou e lá estava eu, na faculdade, dando de cara com a realidade: gente madura, aparentemente super bem resolvida, em relacionamento, saindo pra baladas... Eu só queria chegar em casa e ver mais algum episódio de “Glee” ou alguma série bobinha.

Sem experiência alguma na vida amorosa, me apaixonei por um carinha da faculdade. Como uma pessoa experta e madura (só que não!), escrevi uma cartinha pra ele e pedi pra uma amiga entregar. Deu merda.

O menino zombou da minha cara, as amigas dele faziam piadinhas quando me viam... Foi horrível “sair do armário” pra quem eu nutria algum sentimento. Mas vida que segue, né?!


Após 1 ano me apaixonando, me declarando e, claro, não aprendendo lição alguma, eis que surgiu a maior paixão que já tive até hoje. Já falei sobre ele em tantos posts aqui no blog que vou dar uma folga...

Lá em 2014, há exatos 6 anos, eu me apaixonei por um menino e acabei tendo o meu primeiro porre. Detalhe importante: isso aconteceu numa conveniência perto da faculdade. Simplesmente gritei pra todos ouvirem que eu era gay, como se fosse novidade alguma.

Meus pais foram me buscar na conveniência e desse dia eu só lembro que disse: “Pai e mãe, me mandem embora de casa. Eu sou gay!”. Na minha mente, meus pais não me mereciam como filho e era melhor eu me afastar, mesmo eu não tendo 1 centavo no bolso, tampouco trabalho.

Meus pais disseram que já sabiam e que não era pra eu ir embora de casa, porque não havia motivos pra isso. Eu só chorei durante todo o trajeto pra casa.

Desde 2014, eu continuo “saindo do armário”.


No trabalho, na fila do supermercado pra comprar pão, durante uma caminhada com amiga, na academia, no cinema, na igreja... Em todo canto que vou tenho que “sair dor armário”, explicar aos outros a minha orientação sexual, meus gostos, desejos, atrações...

O problema é que: eu nunca pedi pra estar dentro de um armário, tampouco entrei nele. Foi a sociedade que me jogou numa classificação doida que, sério, não faz sentido algum. Eu gosto de me relacionar com a pessoa do mesmo sexo e ponto. Não é difícil aceitar e entender. 

E lá vou eu "sair do armário" novamente... 

Eu sou Adriel, tenho 25 anos, trabalho com marketing e publicidade, escrevo histórias, sou fofo e queria pedir para não me colocarem novamente em algum armário, pois não aguento mais “sair” de algo ao qual eu não pedi pra entrar. A minha orientação sexual só diz respeito a mim... Posso e quero ser quem eu quiser!!!

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1 Comentários

  1. Olá, Adriel! Tudo bem?
    Eu sei que deve ser uma experiência complicada, pois há sempre o medo de ser julgado ou de a relação com as pessoas que você já tem na sua vida mudar por conta disso. Minha melhor amiga é gay e está há anos dentro do armário e eu acompanho as angústias dela há vários anos já... Na minha cabeça, isso realmente não faz sentido, porque é algo que só diz respeito à própria pessoa e não afeta ninguém em nada, mas a sociedade gosta de colocar labels e encaixotar todo mundo dentro de certas categorias. Enfim, que bom que hoje em dia você já pode ser mais aberto sobre as suas escolhas e preferências... E tenho certeza de que uma grande (nova) paixão está a caminho. Beijo, beijo! <3

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Sobre o blog


No ar desde 2011, o "Não me venha com desculpas" é um blog pessoal, feito por uma pessoa (a)normal.

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