O flagra – Parte II (final)

sexta-feira, setembro 07, 2018

A dor que eu senti foi horrível. Decepção, nojo, coração machucado... Não desejo a ninguém passar por toda aquela situação. Me entreguei totalmente ao Cássio e só ganhei ingratidão! Foram 4 anos de ilusão e mentira! Só consigo pensar em como-ele-pode-fazer-isso-comigo? Por que me usou? Por acaso eu sou qualquer coisa ou um lixo?

Após eu bater na traseira do veículo estranho e gritar o quanto o odiava, Cássio me pegou pelo braço e me levou para a calçada. A cara de pau era tão grande que ainda tinha coragem de pedir pra eu calar boca. Oi? Eu o peguei no flagra com outro cara!

“Há quanto tempo aquilo estava acontecendo”, perguntei a ele já voltando a chorar descontroladamente.

- Se acalma, Paula! Não é nada do que tu está pensando. O Gabriel apenas queria aprender a beijar! Tá louca que eu iria te trair? Não confia em mim, cara? – Cássio soltou essa desculpa como se, magicamente, eu fosse acreditar.

Hahaha! Ensinando alguém a beijar? Aliás, quem é Gabriel? Não me contive e acabei soltando um grito bem alto.

- VAI TE FODER, CÁSSIO! Tu acha mesmo que eu caio nessa? Não, não, meu amigo! Tu é um filho da puta que não serve nem pra foder direito! – Quando eu ficava com raiva, não sabia segurar as palavras. Elas simplesmente saiam. E eu achava o Cássio um frouxo mesmo. Não só por ter me abandonado, mas por não encarar a vida de frente.

- Tudo bem se você pensa tudo isso sobre mim... Parece que os nossos 4 anos de relacionamento não significaram nada pra você! Eu sei que sou meio esquecido e não ligo muito pra data, mas eu estava lembrando, sim, do nosso aniversário de namoro. Só que... – Cássio parou de falar e encarou o chão, como se quisesse segurar as lágrimas.

Eu já não estava entendendo mais nada. Gabriel? Beijo? Traição? O que estava acontecendo ali?  Me senti uma completa idiota e um pouco envergonhada, confesso. Se realmente Cássio estivesse ensinando o rapaz a beijar, o que seria do nosso futuro? Eu simplesmente não conseguia me imaginar longe do meu namorado. Ele era o meu porto seguro, o meu tudo.

- Sinceramente, Paula, acho melhor a gente dar um tempo! Depois de hoje, não sei muito bem o que pensar sobre você e o futuro do nosso relacionamento. Ando de saco cheio do trabalho, da faculdade, do meu pai pegando no meu pé... Você era a única pessoa que sempre me compreendia e eu amava estar ao lado. Mas hoje percebi que estava enganado.

“Te desejo toda a sorte do mundo, sério. Você é uma garota incrível e merece alguém também incrível. Não acho que sou a pessoa certa pra ti. Não agora. Quero um tempo pra colocar as coisas em ordem, e acho que você vai precisar também!”, disse a pessoa que até pouco tempo atrás fazia planos comigo pro futuro.



Assim que Cássio terminou de dizer o que sentia, percebi que ele precisava de apoio emocional. Infelizmente, eu não era a pessoa certa pra ajudar naquilo.

Eu o deixei ir. Deixei ele passar pelo portão e não corri atrás. Eu não tinha força, tampouco coragem. Eu simplesmente queria sumir dali ou poder voltar atrás pra não ter feito nada daquilo.

Impossível! Já aconteceu!

Acho que perdi o Cássio pro meu medo bobo de viver sozinha. Agora, querendo ou não, terei de me virar sozinha. Terei de pagar o conserto do carro do Gabriel, dos meus pais e voltar ao psiquiatra.

Quem era o Gabriel? Apenas um amigo do trabalho do Cássio. Realmente ele queria aprender a beijar naquela noite, pois iria sair pela primeira vez com um peguete do Tinder.

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No ar desde 2011, o "Não me venha com desculpas" é um blog pessoal, feito por uma pessoa (a)normal.

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