Férias de verão inesquecíveis

segunda-feira, junho 27, 2011

Tudo vai ser diferente. Vou aproveitar o máximo. Aliás, este é meu último ano no CAA (Colégio Antônio Amado). Eu pensava que tudo era para sempre, que aquela rotina de acordar cedo e partir para o colégio- que eu chamava de hospício- nunca iria acabar. Mas, como tudo tem um final, as férias de verão estavam chegando. Felicidade e medo tomaram conta do meu pensamento!

Este ano vou para Lorena, interior de Paranaguá, passar as minhas tão sonhadas férias. Alguns amigos ficaram de me encontrar já na pousada. Anseio. Ia viajar sozinho. Sinceramente, eu não gostava daquilo. Eu tinha muito medo de partir de um lugar sem a certeza de chegar ao outro, porém, a vida é assim... Quando pensamos que tudo está mal, vem algo e nos mostra que estávamos errados. Ela nos mostra que o que passamos é muito bom, comparado a dor de tantas outras pessoas.

 A pousada, alugada pelos meus pais, era linda. Tinha uma visão atraente e ao mesmo tempo melancólica. Eu sabia que quando voltasse daquelas férias, minha vida voltaria ao normal. Nenhuma mudança em casa. Meu pai sempre chegaria do escritório e brigaria por algo que eu não fizera, ou fiz, mas sem querer prejudicar ninguém. Até aquele momento, não tinha escolhido qual caminho seguir. 

Numa ilha próxima a pousada eu vi dois homens se beijando. Achei aquilo tão lindo e fofo. O casal estava feliz, curtindo as férias. Ah, como eu queria curtir do mesmo jeito. Sem pensar, resolvi ir até aquela ilha e conversar com os jovens.

Olá, tudo bom com vocês? – disse eu.

― Sim, estamos muito bem. Mas, você é preconceituoso e não aceita as pessoas como elas sãos? Eu estou cansado de sofrer! – respondeu Ruan, muito simpático.

Conversei horas e horas com os garotos, que por sinal eram legais e me contaram um pouco da vida deles, resolvi ir para o meu quarto encontrar os meus amigos. Até aí, tudo bem. Mas, quando alguns colegas perguntaram onde eu estava, e descobriram que eu estava conversando com os “gays” (acho esta palavra preconceituosa!), falaram que não era para eu conversar com eles, pois aquela raça não prestava.

Desde quando se julga o caráter de uma pessoa pela sua opção sexual? Ouvi aquilo calado. Sabia que todos estavam errados, mas preferi ficar no canto, afinal, não adiantaria nada discutir com pessoas que têm cérebro de rato! Corri para o meu quarto, fiz as malas e fui em direção a ilha encontrar os meus novos “amigos”.

Aqui tem espaço para mais alguém? – Indaguei.

Sempre tem espaço para alguém tão especial como você, José. Nós já estamos sabendo de tudo o que aconteceu. Ouvimos o grito dos seus “amigos” daqui. Eles são preconceituosos, hein? Nós estamos acostumados a passar por isso. Inúteis. – Respondeu Gabriel, o namorado de Ruan.
Fiquei a noite inteira conversando com Gabriel e Ruan. Depois de toda a nossa conversa, cheguei à conclusão de que, na vida o mais importante é tentar ficar, sempre, ao lado de boas companhias, de alguém que nos faça bem. E era isto que eu procurava. Estava em busca de alguém que me entendesse. Que aceitasse os meus pensamentos. 

Aceitar as “diferenças” faz parte da vida.

Um velho ditado diz para não julgarmos um livro pela capa, do mesmo modo, nunca discriminar alguém por sua opção sexual, raça, cor, religião... Uma pessoa por ser homossexual tem os mesmos direito que você! 

Aquelas férias, que seria diferente, se tornou inesquecível. Gabriel e Ruan se casaram e continuam na ilha todos felizes.

Não adianta querer ser melhor que o outro neste mundo. As diferenças fazem parte da vida, mas querer impedir uma pessoa de ser feliz já é demais. Viva sua vida, mesmo se você não concorda com tudo que acontece no mundo. Dê a sua opinião, independente se os outros irão gostar ou não, mas não aja de tal forma para se arrepender depois!

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Sobre o blog


No ar desde 2011, o "Não me venha com desculpas" é um blog pessoal, feito por uma pessoa (a)normal.

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